Ana Miguel
MATURIDADE, EU GOSTO DELA!
“A juventude é uma conquista da maturidade.”
Jean Cocteau
Não querer falar sobre maturidade também é maturidade… pelo menos eu acho! No ano em que completo 50 anos de fato não tenho muita vontade de dizer: wowwww, um viva à mulher que me tornei, ou seria um viva à mulher que eu ainda irei me tornar, ou um viva à mulher que estou me tornando.
Calma, vou tentar explicar...
Mas olha, desculpa quem pensa o contrário, eu criei esse espaço para ajustar as minhas velas e infelizmente, ou felizmente, é assim que eu penso!
Nunca fui adepta de resoluções de ano novo e nem de listas e compromissos para o ano ou para a vida…acho isso bem chato pra falar a verdade, prefiro pensar no que a vida reserva para mim e deixar as coisas acontecerem, mas trabalhar e muito para fazer acontecer!! Ah, mas que coisas? As que forem aparecendo. Ah, mas tu não colocas objetivos para tua vida? Tu não te planejas? Claro! Para vocês entenderem, por exemplo, quem leu meus textos anteriores sabe que venho travando batalhas diárias há 1 ano e meio contra o diabetes, a síndrome do pânico, o sedentarismo e a necessidade de controle do peso. Tudo isso são objetivos que me foram impostos pela vida, eu não os escrevi num bloquinho no final de 2020, entende?
E nem fiz isso para o ano dos meus 5.0! Eu aceito, acolho e sou grata ao que a vida me dá, mesmo as coisas que não são tão boas, pois aprendo e cresço com elas. Creio que minhas cicatrizes são o melhor de mim, porque elas também me tornaram quem sou hoje. Devo isso a meus 14 anos de terapia, estudos de Gestalt-terapia, a minha fé, a vida e a minha estrutura familiar.
Se isso é maturidade? Talvez! Mas de novo, não me considero madura, me considero um ser em constante evolução, aprendo diariamente e com isso me sinto cada vez mais jovem. Parece uma contradição né? Mas como diz a frase de Jean Cocteau do início do texto: a juventude é uma conquista da maturidade.
Então, para mim, é uma super contradição falar em maturidade e não falar em juventude. Eu me sinto mais livre, com mais coragem para assumir riscos, mais ousada, isso é maturidade? Segundo o livro que eu li e recomendo (apesar dele me cansar às vezes), da Brené Brown, A coragem de ser Imperfeito, no prólogo ela já nos diz que “quando passamos uma existência inteira esperando até nos tornarmos a prova de bala ou perfeitos para entrar no jogo, para entrar na arena da vida, sacrificamos relacionamentos e oportunidades que podem ser irrecuperáveis, desperdiçamos nosso tempo precioso e viramos as costas para os nossos talentos, aquelas contribuições exclusivas que somente nós mesmos podemos dar.”
É isso que eu penso com relação a listas, resoluções de ano e etc, passamos presos a elas e muitas vezes deixamos de viver o que está no nosso nariz, perdemos a beleza da vida, de momentos que poderiam ser inesquecíveis com nossos filhos, maridos, esposas, pais, amigos, etc., porque queremos ser “perfeitos” ou “à prova de balas” quando só precisaríamos “ser” ou “estar”.
Tenho o privilégio de ter um filho que pensa parecido comigo em algumas coisas, e ele tem um espírito contemplativo, consegue parar para admirar a lua cheia, um belo pôr-do-sol, apreciar uma boa música, um jantar em família, um momento com tios, avós, primos. Ele sabe que estes são momentos que por vezes não mais acontecerão.
Um momento muito marcante da minha história de vida é que há cerca de 26 anos eu não me dava o direito de colocar um biquíni atormentada pela opinião alheia, mas muito mais preocupada com meu próprio julgamento que durante um tempo foi muito pior do que o olhar do outro diante de mim.
O Pânico fez com que eu me enxergasse com mais amorosidade e as perdas dos últimos anos da minha vida fizeram com que eu me julgasse menos. Então, no início de janeiro, depois de 4 anos (isso dá outro texto kkkk), eu tirei 20 dias de férias, desconectada para descansar, tomar sol, curtir minha casa, meu marido, meu filho, ler, aprender a “respirar” e eu coloquei um biquíni, fui para a piscina, meu filho me fotografou e munida de toda a coragem do mundo eu “postei”...pasmem, me senti muito bem, não pelos elogios que recebi, mas por ter feito o que fiz, ter tido a coragem de colocar o biquíni. Foi uma vitória enorme para mim. Mais uma batalha vencida nessa guerra que eu travo comigo mesma há mais ou menos 2 anos.
Só que essa batalha, vem desde que eu tinha 15 anos com meu primeiro namorado que me tolhia muito e ciumento que era da menina magrinha e linda de corpinho pequeno, há trinta e poucos anos atrás, sendo 5 anos mais velho do que eu “proibia” o uso do biquíni, sim, vocês entenderam bem. Eu, uma menina apaixonada, com pais super tradicionais que achavam o máximo a menina ser “controlada” x cuidada pelo namorado. Aquilo teve consequências desastrosas na minha autoestima. E é claro que não durou, como sou maluquete (ufa!), na primeira oportunidade terminei o namoro correndo, mas tenho um carinho imenso por ele pois aprendi muito, no entanto, alguns traços daquele “abuso” eu levei muito tempo para ajustar e outros só agora com a leveza que a maturidade e muitos anos de terapia estão me trazendo alívio.
Não tenho vontade de falar em menopausa, talvez porque os sintomas em mim sejam leves e às vezes eu até me sinta um pouco culpada por isso. Não precisei criar um insta pra compartilhar sintomas, nem buscar alívio e, acreditem, me sinto super culpada por isso porque me sinto meio extraterrestre no meio de tantas mulheres maduras falando sobre. Não tenho ressecamento vaginal, não tenho insônia (meu marido diz que não sabe como eu consigo dormir tão facilmente), tenho tesão e muito, não tenho enxaqueca, enfim, me sinto meio um “peixe fora d´’água” às vezes.
Mas também, como boa leonina, gosto de me sentir diferente. Quem sabe eu ainda tenha alguns desses sintomas ali na frente? Vai saber né?
Eu rejuvenesci...e como disse Cocteau, talvez, ou provavelmente esteja amadurecendo...
Entrei no ano de comemoração dos meus 5.0 durante um processo muito difícil de cura, mas que está fazendo muito bem para meu corpo e para a alma. Processo esse que eu resolvi compartilhar um pouco com vocês porque cada linha que eu escrevo me cura um pouquinho.
Ainda não tenho nenhum tratamento estético, mas ando louca pra fazer...Vamos ver o que o ano dos meus 5.0 me reserva!
Que venha...tô aqui!!!
Um abraço e fiquem bem!
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